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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

o referendo

O pedido de referendo sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo não faz sentido.
É uma birra de quem não gosta da mudança só porque não. E dizer que visa defender o casamento é uma estratégia demagógica e idiota.
Eu pergunto:
Em que é que o casamento entre pessoas do mesmo sexo, que se amam, põe em risco o casamento entre pessoas de sexos diferentes, que se amam?
O Casamento entre pessoas do mesmo sexo só põe em causa os OUTROS casamentos - os casamentos por interesse; os casamentos que encobrem (e muitas vezes legitimizam) a violência de uma pessoa sobre a outra - geralmente a violência exercida pelo homem sobre a mulher. Começamos agora a conhecer os verdadeiros números das vítimas de violência doméstica. E eu pergunto:
Em que é que a proibição do casamento entre pessoas do mesmo sexo contribui para acabar com essa tragédia? Como é que essa proibição vai contribuir para acabar com os abusos (sexuais ou outros) no seio familiar?
Se querem proteger o casamento, proibam o divórcio!!!
(Estava a brincar)
Se querem proteger o casamento, eduquem os jovens para o amor. Se querem proteger o casamento, não fechem os olhos nem mergulhem a cabeça em montes de papelada quando alguém denuncia indícios de violência doméstica. Se querem proteger o casamento, diminuam a carga fiscal dos casais, criem uns dias suplementares de «férias de casal»...
Há quem ache que o casamento serve para gerar filhos. Mas não deveria servir também para proteger e acompanhar? E isso tem de ser feito por um homem e uma mulher (sejam eles quem forem)? Ou tem de ser feito por pessoas responsáveis e capazes de afecto? Pessoas capazes de se dar?
Pois eu digo-vos que sei de muitos casos em que a criança foi gerada para tentar manter um casamento, uma relação que já se degradou - e isso é dramático. Porque os filhos só vêm aumentar o stress do casal; porque os filhos têm o direito de nascer do amor e não para tapar buracos!
Se ter filhos é importante, se é importante que a criança tenha bons modelos, então obriguem à frequência de um curso a todos os que desejam ter filhos - tal como agora fazem para quem deseja adoptar- e façam depender disso o posterior apoio monetário, mas que seja um bom apoio. Aumentem os abonos de família; melhorem os cuidados médicos; façam qualquer coisa contra toda a poluição que começa a afectar a criança desde o útero. Melhorem as escolas. Criem mais jardins de infância e infantários que não sejam depósitos de crianças. Melhorem a legislação de apoio aos filhos e filhas; criem condições para que os avôs e as avós fiquem em casa a ajudar a cuidar dos netos e das netas, aumentem as licenças de paternidade e de maternidade, diminuam os impostos, bonifiquem as fraldas, garantam comida de qualidade nas escolas, nos infantários, nas creches...

Agora digam-me: para que serve o casamento? Não é um compromisso de protecção mútua entre duas pessoas que se amam? Então, para quê o referendo?!

Espero que se consiga compreender o discurso desta senadora, assumidamente HETEROssexual, católica-romana:
(Pode reduzir o som no canto superior direito da caixa de música, ou clicar nas barras verticais paralelas, sob a colcheia, para ter uma pausa)

9 comentários:

  1. E continuamos a assistir, pacificamente, a um 'desfilar' de falsas demagogias. Não tarda que os referendos entrem na moda...e para as coisas mais estúpidas deste mundo. Um referendo desta natureza não faz, de facto, qualquer sentido. Estamos a consentir um referendo que só vem pôr em causa, mais uma vez, puros direitos humanos, já afirmados desde a Idade Média e proclamados em 1948. É ridículo! Mas...o que não é rídiculo hoje em dia? Somos de uma 'pequenez' irritante...e continuaremos a ser...pior que isso, é se o 'sentimento' se consensualizar...certo?

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  2. E mais não me ocorre do que assinar por baixo aquilo que aqui foi escrito. Que as palavras nunca lhe faltem!

    Bem-haja!

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  3. Raven,
    O referendo que fazia sentido - e que nos tinha sido prometido - era o relativo ao Tratado de Lismá, digo, Lisboa.
    As mentalidades não se mudam com revoluções, mudam-se pela educação. Por isso, o 25 de Abril ainda não aconteceu nas cabeças. Mas eu sou optimistas e conto consigo e com muit@s outr@s jovens professores(as) para fazer uma verdadeira revolução, com cravos de todas as cores!
    Um abraço e uma braçada de beijinhos recheados com saudades.

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  4. Isamar,
    Obrigada pela solidariedade.
    Bem-haja, também, por preservar esta saudação que nos lembra que somos, naturalmente, solidári@s.

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  5. Olá,
    Só mesmo num país como Portugal, pequenino, mesquinho e atrasado é que se pode pôr a hipótese de um referendo à consciência individual (que obviamente não se referenda!)
    Só mesmo num país burocrático é que se pode pôr a hipótese de fazer um referendo sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, perguntar às pessoas algo da consciência individual, sobre coisas que cada um de nós, individualmente, sabe responder, mas que não cabe num referendo.
    Quanto ao casamento homossexual, a sociedade civil tem pedido que isso se faça, de vários quadrantes políticos, culturais, etc. há muitas pessoas interessadas, por que há muitas pessoas, homossexuais e lésbicas que têm interesse no casamento, que se mexa na Constituição e que se permita, a quem quiser, casar, dar visibilidade a um acto legal.

    Abraço

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  6. Já o escrevi algures: o casamento como forma de legalizar a procriação da espécie (visão da igreja católica, por exemplo) não admite que se pratique entre homossexuais.
    O casamento como contarto social como eu o vejo na prática, deve evidentemente ser aberto atodos osseres, independentemente das suas orientações sexuais.
    O referendo é um profundo e refinado disparate, como o do aborto também foi. Ambas as situações são do foro íntimo de cada indivíduo, O que tenho eu de dizer aos outros o que devem fazer?

    Uma coisa, porém, me deixa mais preocupado. É que, não sendo absolutamente necessário que uma criança possa ser criada com paz e amor por um pai e uma mãe, antes o seja por dois "pais" do mesmo sexo do que no seio de relações heterossexuais inquinadas e falsas, sempre me parece preferível a presença de duas pessoas de sexos diferentes na educação de uma criança.
    Há sensibilidades diferentes entre um homem e uma mulher que são muito importantes para um harmonioso crecer de um filho.
    Quero, portanto, dizer que não deveremos cair no oposto, ou seja, considerar igual que os pais sejam homem e mulher ou dois do mesmo sexo.
    Ter-me-ei feito entender?

    Um abraço e bom fds.

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  7. Caro Jorge, aí deixa a igreja com um grave problema: o que fazer no caso do casamento entre duas pessoas de sexo diferente em que uma delas se vem a descobrir que é estéril? O que fazer de um viúvo ou uma viúva que descobriram a sua esterilidade durante o primeiro casamento e desejam contrair segundas núpcias? O que fazer a uma mulher que já entrou na menopausa e deseja casar por igreja? O que fazer no caso de um casal em que um deles tem uma doença em estado terminal mas desejam unir-se pelo sagrado matrimónio antes que a morte os separe?....
    Mas como isso é um problema da igreja (católica) e eu sou agnóstica, não me preocupo.
    Há, sim senhor (por enquanto, mas cada vez menos) sensibilidades diferentes entre um homem e uma mulher; há sim (cada vez mais) sensibilidades diferentes entre as várias pessoas do mesmo género, mesmo que educadas à luz dos mesmo valores. E já não sei onde se encontra a maior diversidade. Eu seria capaz de arriscar dizer que existe maior proximidade entre um metrossexual e uma jovem universitária do que entre esse metrossexual e um militar ou entre essa rapariga e a prima que vive na aldeia...
    E agora, o que vamos fazer aos casais que, depois de terem filhos, desejam divorciar-se? Só podem se um voltar a casar-se com uma pessoa do sexo oposto e garantir a educação da prole?
    Já pensou que existem hoje inúmeras crianças a viver só com a mãe ou com a avó? ou com a tia? Se for com a mãe e a avó, ninguem se preocupa. Se for com o pai e o avô isso não incomoda ninguém; se for com a madrinha, também não; se for com a mãe e uma tia também não...
    Jorge, o que eu acho é que a estrutura familiar foi uma das muitas coisas que mudaram e não podemos ignorar isso.Uma coisa eram os homens e mulheres de antigamente que eram educados para serem valentes e andarem sempre fora de casa,eles, e submissas e confinadas ao lar,elas; outra coisa são os homens e mulheres de hoje. E digo-lhe que há muitos modelos de mãe e de pai que não só são dispensáveis como indesejáveis!
    Vejamos, pois, as coisas na sua globalidade.
    Eu defendo que deveria haver assistentes sociais a visitar TODAS AS CASAS. Eu defendo que devia haver cursos de maternidade e de paternidade obrigatóriso para tod@s que se candidatam (biologicamente) a tal estatuto.
    Para além disso, tirando os seminários masculinos (sem televisão nem vizinhos) não estou a ver uma situaçaõ em que uma criança seja criada sem o contacto de VÁRIOS modelos de masculino e de feminino.
    Aliás, eu bato-me pelos incentivos e pela discriminação positiva para a integração de rapazes nos cursos de formação de educadores de infância e de professores do 1º ciclo, que são maioritariamente frequentados por mulheres.... Porque os putos passam hoje muito mais tempo na escola que com a família (seja ela constituída por quem for). E bato-me pela criação de lares de terceira idade em «agrupamento vertical» com jardins de infância e escolas de 1º ciclo...
    Grata pelo seu contributo

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  8. Concordo integralmente com o escrito.
    Acho um disparate um referendo, mas sei que nestas questões há mentalidades diferentes que põem sempre os olhos com bastante esperança, nos resultados dos referendos.
    Cultos, tabus e preconceitos.
    Mim Jane na pré história :))

    Um abraço.

    Boa semana

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  9. Bem observado, Uf!

    Na realidade, porque há-de um acto que apenas diz respeito a duas pessoas ser objecto de aprovação pela generalidade dos eleitores? (Está-me a fazer lembrar aquele outro referendo...)

    No fundo, a questão é simples: ou bem que um governo tem a coragem de legislar sobre aquilo que considerou uma "questão prioritária", ou bem que lava daí as mãos, e nem é governo nem é nada...

    E mais não digo.

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